O tão conhecido capítulo 15, 1-32 de Lucas é nosso foco de atenção essa semana, mas de uma forma diferente das maneiras que normalmente o lemos e meditamos.
Quase sempre nos vemos como o filho que vai embora, que gasta tudo e volta, ou como o irmão que não aceita o retorno do outro, que se acha melhor e mais merecedor do amor e da graça do pai, e também nos vemos como aqueles que são alvos da misericórdia do pai, que perdoa, que recebe, que ama. Todas essas visões desse mesmo texto estão corretas e são profundas, mas essa semana queremos ampliar nossa visão sobre esta passagem da Bíblia.
A Palavra em Mateus 19, 21 nos diz: “Sede santos como vosso pai celestial é Santo!” e é nesse foco que queremos orar esta semana. O padre Rafael Querobin em sua homilia na Celebração que participei este domingo nos falava como o pai da parábola que Jesus contou representava o Pai celeste nos ensinando como agir, como ser. Ele dizia que a criança aprende imitando os pais, que são exemplo, testemunho. O objetivo da criança é se tornar o mais próximo dos pais ela consiga. E é bem verdade. Temos crianças aqui na Comunidade e vemos o quanto eles imitam os pais, como falam igual, agem igual.
Nós temos um Pai celestial, nos ensinando todo tempo como agir, como ser, como pensar, como falar. Temos o testemunho de um Pai todo amor, todo misericórdia, que não vê nossas falhas, mas somente deseja que estejamos perto, estejamos com Ele. O pai da parábola vem ser o exemplo que temos que seguir, nosso objetivo a alcansar, nossa meta.
Aprendemos com Ele o amor-gratuito que não prende, que não retém para si, o amor desapegado, livre de qualquer necessidade de retorno, amor que para nós é tão difícil. Nós somos seres que anseiam por retorno, se fazemos algum bem desejamos que o beneficiado nos agradeça, nos retribua. Mas o Pai vem nos ensinar o amor doação, que ama incondicionalmente, ama por que somos filhos e isso já basta. Não há nada que façamos que aumente ou diminua o Amor do Pai por seus filhos.
Aprendemos também o amor-perdão. Perdoar é colocar um ponto final em uma história de erros e sem querer continuá-la dar chance de uma nova história. Quantas vezes nós dizemos que perdoamos, mas em vez de ponto final temos colocado vírgulas em nossa história. Ao mínimo sinal de ameaça queremos retomar histórias antigas, como se fossem contratos de acusação contra nós mesmo e os irmãos. Mas o Pai não age assim, ele nem permite que o filho continue contando o que fez, não importa, o que importa é que ele voltou, que decidiu voltar e viver na presença do Amor. Que aprendamos a dar ponto final na história de divisão, com o Senhor e com os irmãos, e livres de toda culpa darmos oportunidade a nós mesmos e aos outros de começarmos uma nova vida em Deus. Comoe stá escrito: 2º Coríntios 5,17-21
Irmãos: Se alguém está em Cristo, é uma criatura nova. O mundo velho desapareceu. Tudo agora é novo. E tudo vem de Deus, que, por Cristo, nos reconciliou consigo e nos confiou o ministério da reconciliação. Com efeito, em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo, não imputando aos homens as suas faltas e colocando em nós a palavra da reconciliação. Somos, pois, embaixadores de Cristo, e é Deus mesmo que exorta através de nós. Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus.
Que esta semana peçamos ao Senhor um coração de criança que quer aprender, que deseja ser imitador do Pai e, assim, ser grato por tudo aquilo que Ele fez por nós e faz todos os dias. Deus é bom e desejamos ser bons para agradá-lo e mais perto Dele podermos experimentar mais a cada dia do Seu Amor e Presença.
O Senhor está sempre pronto a nos receber, vamos aproveitar essas duas semanas finais da quaresma para revermos nossos caminhos, para vermos onde estamos, se vivendo na Presença de Deus, ou comendo lavagem e gastando tudo que temos com coisas sem valor. A escolha é nossa, o Senhor está sempre a nos esperar.
No Amor do Amado
Carol